sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Nota da CNBB sobre o atual momento político: vencer a tentação do desânimo!


Por meio de nota, divulgada nesta quinta-feira, 26, em coletiva de imprensa na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), a presidência da CNBB manifestou mais uma vez sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo país, que afeta tanto a população quanto as instituições brasileiras. No texto, a entidade repudia a falta de ética que se instalou nas instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que “traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito”.

A Conferência criticou também a apatia e o desinteresse pela política, que cresce cada dia mais no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais. Apesar de tudo, a entidade diz que é preciso vencer a tentação do desânimo, pois só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania é capaz de purificar a política e a esperança dos cidadãos que “parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto”.
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
Nota da CNBB sobre o atual momento político
“Aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo País, afetando tanto a população quanto as instituições brasileiras.


Repudiamos a falta de ética, que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros.



A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos programas sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Programa de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas. O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.


A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País.


Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum. Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e conquistas forem ameaçados.


Chamados a “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de construir um País justo, solidário e fraterno.
Brasília, 26 de outubro de 2017


CNBB se pronuncia contra o fundamentalismo e a intolerância


Motivados por acontecimentos recentes envolvendo a utilização de símbolos religiosos da fé católica em manifestações isoladas e exposições “artísticas”, os bispos que integram o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elaboraram a mensagem ao povo brasileiro, divulgada em Coletiva de Imprensa, realizada na sede da entidade, dia 26/10.
No documento, os bispos reconhecem que “em toda sua história, a Igreja sempre valorizou a cultura e a arte, por revelarem a grandeza da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, fazendo emergir a beleza que conduz ao divino”.
Contudo, recentemente, a mensagem destaca que “crescem em nosso meio o desrespeito e a intolerância que destroem esta harmonia, que deve marcar a relação da arte com a fé, da cultura com as religiões. Se, por um lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro, os artistas e responsáveis pela promoção artística não podem desconsiderar os sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade inviolável”.

Integram o Conselho Permanente da CNBB, a presidência da entidade, os bispos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (CONSEP) e os bispos presidentes dos 18 regionais da CNBB.

Confira, abaixo, a íntegra do documento.

Vencer a intolerância e o fundamentalismo
“E Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom”  (Gn 1,31)
Os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunidos em Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, dirigem esta mensagem ao povo brasileiro, diante de recentes fatos que, em nome da arte e da cultura, desrespeitaram a sexualidade humana e vilipendiaram símbolos e sinais religiosos, dentre eles o crucifixo e a Eucaristia, tão caros à fé dos católicos.
Em toda sua história, a Igreja sempre valorizou a cultura e a arte, por revelarem a grandeza da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, fazendo emergir a beleza que conduz ao divino. “A arte é como uma porta aberta para o infinito, para uma beleza e para uma verdade que vão mais além da vida quotidiana” (Bento XVI – 2011). O mundo no qual vivemos, ensina Paulo VI, precisa de beleza para não cair no desespero (Cf. Mensagem aos Artistas – 1965).
Reconhecemos que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte” (São João Paulo II – Carta aos artistas 1999). Somos, por isso, agradecidos aos artistas pela infinidade de obras que enriquecem a cultura, animam o espírito e inspiram a fé. Merecem destaque a pintura, a música, a arquitetura, a escultura e tantas outras expressões artísticas que ressaltam a beleza da criação, do ser humano, da sexualidade, e o espírito religioso do povo brasileiro. Arte e fé, portanto, devem caminhar unidas, numa harmonia que respeita os valores e a sensibilidade de cada uma e de toda pessoa humana na sua cultura e nos seus valores.
Lamentavelmente, crescem em nosso meio o desrespeito e a intolerância que destroem esta harmonia, que deve marcar a relação da arte com a fé, da cultura com as religiões. Se, por um lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro, os artistas e responsáveis pela promoção artística não podem desconsiderar os sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade inviolável. O desrespeito e a intolerância, por parte de artistas para com esses valores, fecham as portas ao diálogo, constroem muros e impedem a cultura do encontro. Preocupam, portanto, o nível e a abrangência destas intolerâncias que, demasiadamente alimentadas em redes sociais, têm levado pessoas e grupos a radicalismos que põem em risco o justo apreço pela arte, a autêntica liberdade, a sexualidade, os direitos humanos, a democracia do País.
Vivemos numa sociedade pluralista, por isto, precisamos saber conviver com os diferentes. Isso, contudo, não subtrai à Igreja o direito de anunciar o Evangelho e as verdades nele contidas, a respeito de Deus, do ser humano e da criação. Em desacordo com ideologias como a de gênero, é nosso dever ressaltar, sempre mais, a beleza do homem e da mulher, tais como Deus os criou, bem como os valores da fé, expressos também nos símbolos religiosos que, com sua arte e beleza, nos remetem a Deus. Desrespeitar estes símbolos é vilipendiar o coração de quem os considera instrumentos sagrados na sua relação com Deus, além de constituir crime previsto no Código Penal.
Animamos a sociedade brasileira a promover o diálogo e o encontro, por meio dos quais as pessoas, em suas diferenças, respeitam e exigem respeito, e permitem sentir a riqueza que cada um traz dentro de si.
Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos ensine o caminho da beleza e do amor, da fraternidade e da paz.
Brasília, 26 de outubro de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha

Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger

Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB


domingo, 22 de outubro de 2017

2019 MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO

Neste domingo (22/10), memória litúrgica de São João Paulo II e Dia Mundial das Missões, o Papa Francisco enviou uma carta ao Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, em vista do Mês Missionário Extraordinário em outubro de 2019,  e do centenário da promulgação da Carta Apostólica Maximum illud sobre a atividade dos missionários no mundo, publicada em 1919 pelo Papa Bento XVI. O centenário da carta será celebrado em 30 de novembro de 2019.

Foi por esse motivo que o Papa prometeu que pedirá a toda a Igreja para dedicar o mês de outubro de 2019 para a finalidade missionária.
O mês extraordinário de oração e reflexão sobre a missão, como a primeira evangelização, diz o Papa, servirá para uma maior renovação da fé eclesial, para que seu coração atue sempre a Páscoa de Jesus Cristo, único Salvador, Senhor e Esposo da sua Igreja.

Francisco frisou que a Renovação "exige viver a missão como oportunidade permanente de anunciar Cristo, mediante o testemunho e o encontro pessoal com ele".
A preparação deste tempo extraordinário, dedicado ao primeiro anúncio do Evangelho, segundo o Papa, deve ajudar-nos sempre a sermos mais Igreja em missão.

Segue, na íntegra, a carta do Papa Francisco ao Cardeal Filoni.
Ao Venerado Irmão 
Cardeal Fernando Filoni
Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos
No dia 30 de novembro de 2019, ocorrerá o centenário da promulgação da Carta Apostólica Maximum illud, com a qual Bento XV quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho. Estávamos no ano de 1919! Terminado um conflito mundial terrível, que ele mesmo definiu "massacre inútil" , o Papa sentiu necessidade de requalificar evangelicamente a missão no mundo, purificando-a de qualquer incrustação colonial e preservando-a daquelas ambições nacionalistas e expansionistas que causaram tantos revés. "A Igreja de Deus é universal – escrevia –, nenhum povo lhe é estranho" , exortando ele também a rejeitar qualquer forma de interesses, já que só o anúncio e a caridade do Senhor Jesus, difundidos com a santidade da vida e as boas obras, constituem o motivo da missão. Assim Bento XV deu um particular impulso à missão ad gentes, esforçando-se, com os meios conceituais e comunicativos de então, por despertar, especialmente no clero, a consciência do dever missionário.

Este dá resposta ao perene convite de Jesus: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). Aderir a este mandato do Senhor não é opcional para a Igreja; é uma "obrigação" que lhe incumbe, como recordou o Concílio Vaticano II , pois a Igreja "é, por sua natureza, missionária". "Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar". A fim de corresponder a tal identidade e proclamar Jesus crucificado e ressuscitado por todos, como Salvador vivente, Misericórdia que salva, "a Igreja, movida pelo Espírito Santo, deve – afirma também o Concílio – seguir o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até à morte" , de modo que comunique realmente o Senhor, "modelo da humanidade renovada e imbuída de fraterno amor, sinceridade e espírito de paz, à qual todos aspiram".
Aquilo que há quase cem anos Bento XV tinha a peito e que o documento conciliar nos está a recordar há mais de cinquenta anos, permanece plenamente atual. Hoje, como então, "enviada por Cristo a manifestar e a comunicar a todos os homens e povos a caridade de Deus, a Igreja reconhece que tem de levar a cabo uma ingente obra missionária" . A propósito, São João Paulo II observou que "a missão de Cristo redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento" e que "uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço". Por isso ele, com palavras que eu gostaria agora de repropor a todos, exortou a Igreja a um "renovado empenho missionário", convicto de que "a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio, no empenho pela missão universal" .
 


Ao recolher na Exortação Apostólica Evangelii gaudium os frutos da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para refletir sobre a nova evangelização para a transmissão da fé cristã, quis apresentar de novo a toda a Igreja a mesma impelente vocação: "João Paulo II convidou-nos a reconhecer que “não se pode perder a tensão para o anúncio” àqueles que estão longe de Cristo, “porque esta é a tarefa primária da Igreja”. A atividade missionária “ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja” e “a causa missionária deve ser (…) a primeira de todas as causas”. Que sucederia se tomássemos realmente a sério estas palavras? Simplesmente reconheceríamos que a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja".  

E tudo aquilo que pretendia expressar continua ainda a parecer-me inadiável: "possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma “simples administração”. Constituamo-nos em “estado permanente de missão”, em todas as regiões da terra" . Com confiança em Deus e muita coragem, não temamos empreender "uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto-preservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. Como dizia João Paulo II aos Bispos da Oceânia, “toda a renovação na Igreja há de ter como alvo a missão, para não cair vítima duma espécie de introversão eclesial” .
Com espírito profético e ousadia evangélica, a Carta Apostólica Maximum illud exortara a sair das fronteiras das nações, para testemunhar a vontade salvífica de Deus através da missão universal da Igreja. A aproximação do seu centenário sirva de estímulo para superar a tentação frequente que se esconde por detrás de cada introversão eclesial, de todo o fechamento autorreferencial nas próprias fronteiras seguras, de qualquer forma de pessimismo pastoral, de toda a estéril nostalgia do passado, para, em vez disso, nos abrirmos à jubilosa novidade do Evangelho. Também nestes nossos dias, dilacerados pelas tragédias da guerra e insidiados pela funesta vontade de acentuar as diferenças e fomentar os conflitos, seja levada a todos, com renovado ardor, e infunda confiança e esperança a Boa Nova de que, em Jesus, o perdão vence o pecado, a vida derrota a morte e o medo e triunfa sobre a angústia.

Com estes sentimentos, acolhendo a proposta da Congregação para a Evangelização dos Povos, proclamo outubro de 2019 como Mês Missionário Extraordinário, com o objetivo de despertar em medida maior a consciência da missão ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral. Poderemos preparar convenientemente para ele já através do mês missionário de outubro do próximo ano, de modo que todos os fiéis tenham verdadeiramente a peito o anúncio do Evangelho e a transformação das suas comunidades em realidades missionárias e evangelizadoras e aumente o amor pela missão, que "é uma paixão por Jesus e, simultaneamente, uma paixão pelo seu povo" .

A ti, venerado Irmão, ao Dicastério a que presides e às Pontifícias Obras Missionárias, confio a tarefa de pôr em marcha a preparação deste acontecimento, especialmente através duma ampla sensibilização das Igrejas Particulares, dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, bem como das associações, movimentos, comunidades e outras realidades eclesiais. Que o Mês Missionário Extraordinário se torne uma ocasião de graça intensa e fecunda para promover iniciativas e intensificar de modo particular a oração – alma de toda a missão –, o anúncio do Evangelho, a reflexão bíblica e teológica sobre a missão, as obras de caridade cristã e as ações concretas de colaboração e solidariedade entre as Igrejas, de modo que se desperte e jamais nos seja roubado o entusiasmo missionário .
Do Vaticano, no dia 22 de outubro – XXIX Domingo do Tempo Ordinário, Memória de São João Paulo II, Dia Mundial das Missões – do ano de 2017.

FRANCISCUS 

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES


Hoje a Igreja Católica celebra o Dia Mundial das Missões. Para ajudar a meditar, (re) pensar e propor uma maior missionariedade, nesta data, todos os anos o papa divulga uma mensagem especial. Neste ano o texto foi divulgado na Solenidade de Pentecostes, dia 4 de junho. Na mensagem o papa Francisco nos convida a refletir sobre A MISSÃO NO CORAÇÃO DA FÉ CRISTÃ.

A Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando de uma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria”. Como síntese da mensagem trazemos três perguntas: “Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?” 


"Exorto-os a viver a alegria da missão, testemunhando o Evangelho nos ambientes em que cada um vive e trabalha. Ao mesmo tempo, somos chamados a apoiar com o afeto, ajuda concreta e oração os missionários que partiram para anunciar Cristo às pessoas que ainda não o conhecem." (Papa Francisco no Angelus 22.10.2017)


Transparência na utilização dos recursos
Todos os recursos arrecadados são utilizados para a animação e cooperação missionária em todo o mundo, pois é uma coleta universal. Desse valor, 80% são repassados a Roma e administrados pela Congregação para a Evangelização dos Povos e pelas quatro obras pontifícias. A Pontifícia Obra da Propagação da Fé mantém um total de 1.111 jovens Igreja, dioceses e vicariatos apostólicos, considerados territórios de missão. A obra São Pedro Apóstolo apoia a formação religiosa e sacerdotal de 70 mil seminaristas e seis mil noviços e noviças. A obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) apoiou, ano passado, 2858 projetos em favor de crianças mais pobres. Resumindo, há um fundo universal que faz circular a caridade nas periferias mais necessitadas da África, Ásia, Oceania, América Latina e Caribe. Os 20% da coleta ficam no Brasil para serem utilizados com igual finalidade, ou seja, para a animação e cooperação missionária. Assim, as POM, por meio das Obras IAM, Propagação da Fé e União Missionária, apoiam pequenas iniciativas de formação e articulação da missão. Parte do recurso também é utilizado para a produção do material da campanha missionária e despesas administrativas, conforme a prestação de contas. (Fonte: http://www.xaverianos.org.br/campanha-missionaria-2017-2/ )
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2017



A missão no coração da fé cristã

Queridos irmãos e irmãs!

O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, "o primeiro e maior evangelizador" (Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir novamente sobre a missão no coração da fé cristã. De fato a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?


A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida
1. A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). É Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.

2. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. "A glória de Deus é o homem vivo" (Ireneu, Adversus haereses IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1, 14).



A missão e o kairós de Cristo
3. Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. "A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual" (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276).

4. Lembremo-nos sempre de que, "ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo" (Bento XVI, Carta. enc. Deus caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).

5. O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída. E, graças a Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda – então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15, 34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos.



A missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio contínuos
6. A missão da Igreja é animada por uma espiritualidade de êxodo contínuo. Trata-se de «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 20). A missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação contínua através dos vários desertos da vida, através das várias experiências de fome e sede de verdade e justiça. A missão da Igreja inspira uma experiência de exílio contínuo, para fazer sentir ao homem sedento de infinito a sua condição de exilado a caminho da pátria definitiva, pendente entre o «já» e o «ainda não» do Reino dos Céus.

7. A missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas instrumento e mediação do Reino. Uma Igreja autorreferencial, que se compraza dos sucessos terrenos, não é a Igreja de Cristo, seu corpo crucificado e glorioso. Por isso mesmo, é preferível "uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças" (Ibid., 49).


Os jovens, esperança da missão
8. Os jovens são a esperança da missão. A pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por Ele continuam a fascinar muitos jovens. Estes buscam percursos onde possam concretizar a coragem e os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. "São muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias formas de militância e voluntariado. (...) Como é bom que os jovens sejam “caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!" (Ibid., 106). A próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional", revela-se uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade.

O serviço das Obras Missionárias Pontifícias
9. As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.

Fazer missão com Maria, Mãe da evangelização
10. Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.

Vaticano, 4 de junho – Solenidade de Pentecostes – de 2017.

FRANCISCO



Para ler a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, acesse o link:

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

4º Congresso Missionário Nacional


Aconteceu nos dias 7 a 10 de setembro, o 4º Congresso Missionário Nacional, promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (Comina) e a Arquidiocese de Olinda e Recife.

Estiveram representando os Leigos Missionários Xaverianos do Brasil Sul, IAM, Diocese de Guarapuava e COMIPRO Província de Curitiba Maria Angélica Kroetz Kovalhuk e Elizete da Aparecida Toledo.

Com o objetivo geral de impulsionar as Igrejas no Brasil para um dinamismo de saída e caminhar juntos no testemunho da alegria do Evangelho, da comunhão e do profetismo, no compromisso com “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1) e objetivos específicos:
 – Preparar o 5º Congresso Missionário Americano (CAM 5), dias 11 a 15 de julho de 2018, na Bolívia.– Aprofundar o compromisso com a proposta da Igreja em saída.
– Promover a integração das forças missionárias da Igreja do Brasil.
– Incentivar a cooperação intereclesial e a missão ad gentes.
– Celebrar a caminhada missionária da Igreja do Brasil.
O 4º CMN reuniu 600 delegados representantes dos 18 regionais da CNBB e outros 100 convidados que foram hospedados por famílias da arquidiocese de Olinda e Recife. 

A metodologia do Congresso girou em torno de quatro palavras inspiradoras: ENCONTRAR, CONTEMPLAR, DISCERNIR e COMPROMETER. A temática teve três eixos: I. a Alegria do Evangelho; II. Sinodalidade e comunhão; III. Testemunho e profetismo. Além disso, “Igreja em saída na perspectiva ad gentes” foi o eixo transversal. Para debater o conteúdo foram apresentadas cinco grandes conferências com desdobramento das reflexões em mais 30 oficinas.


Não podemos ter a tentação de fugir da cruz. O testemunho fiel da missão sempre foi a melhor pregação que a Igreja pode fazer na história da humanidade.

“Missão não é propriedade particular, mas tarefa eclesial”, afirma presidente da CNBB, D. Sergio da Rocha

“Missão não é propriedade particular, mas tarefa eclesial”, afirma presidente da CNBB, D. Sergio da Rocha


O 4º CMN está em sintonia com a caminhada missionária da Igreja e serve de preparação do Brasil ao 5º Congresso Missionário Americano (CAM 5), a ser realizado nos dias 11 a 15 de julho de 2018, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com a temática “A alegria do Evangelho, coração da missão profética, fonte de reconciliação e comunhão”.
Apresentação da IAM
Foram travadas reflexões que deram novo ânimo ao dinamismo de uma Igreja em saída no Brasil. O Congresso Missionário Nacional contou com aproximadamente 700 pessoas. Cardeal, Bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos, leigas, seminaristas, diáconos, responsáveis pelos COMIDIs e COMIREs, assumiram juntos as orientações para delinear as ações missionárias nas Igrejas particulares, nas comunidades, nas famílias e todas as pessoas batizadas testemunhando a alegria do Evangelho.
Parte da síntese dos GT´s - Leigos

Os missionários e missionárias enriqueceram e se inquietaram na escuta da diversidade de dons, de ministérios, características no jeito de fazer, de pensar e agir na missão enchendo-os da beleza arrebatadora do intenso desejo de anunciar, especialmente no testemunho de tantos mártires que na doação da própria vida, tornam fecunda a missão.
A vitalidade da comunhão nos torna corresponsáveis na escuta recíproca que caminha no caminho da sinodalidade. A Igreja recebeu o serviço urgente, à luz da Evangelli gaudium, de revisar e interpelar a missão que ultrapassa a cooperação missionária envolvendo o mistério amoroso do Pai pelo Filho no Espírito Santo transformando pessoas, comunidades e a sociedade no aprendizado dócil e frutuoso fonte da nossa alegria.

A hospedagem na casa de famílias lançou o testemunho do serviço na disponibilidade de uma Igreja "em saída” enfatizando o seguimento deste novo paradigma de Igreja missionária. 
Família do Walison com a esposa Luana e o filho Wendel

Na visita à casa de Dom Helder, emoção e compreensão do grande testemunho para o Brasil deste profeta do séc XX.
Quarto de Dom Helder




Participantes do 4º CMN Regional Sul 2


Maria Angélica K. Kovalhuk
Curitiba - Pr

FONTE: http://www.pom.org.br/ 

Ser leigo na Igreja hoje

De um modo geral, as pessoas podem entender (ou achar) que todos aqueles que participam de uma maneira ou outra da Igreja ou de alguma comun...